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quarta-feira, 16 de abril de 2008

À sombra de uma amendoeira

Um belo dia, ele resolveu descansar. Se encostou no primeiro banco que havia construído e deitou. Antes, deu uma bela espreguiçada... e deitou. Sem perceber que o banco estava embaixo da amendoeira que havia plantado anos antes de aprender a construir bancos. Mas deitou. E dormiu. Dormiu até acordar. Ao acordar viu que muita coisa estava diferente. Havia uma amendoeira encima dele. Havia descansado bastante. Olhou para cima e viu que sol estava um pouco mais à direita ou que ele estava um pouco mais à esquerda... Uma amêndoa caiu bem no meio da sua testa. Deitou e dormiu mais uma vez. Dessa vez, sem se espreguiçar... Devia estar realmente cansado, mas não percebia. Sonhou. Sonhou com amêndoas, com bancos e sóis. Havia umas nuvens também... Começou a brincar com elas, a moldar coisas, adivinhar coisas... Brincou até perceber que já estava acordado. Mas as nuvens ainda estavam lá. E estavam também a amendoeira, as amêndoas, o banco, o sol, o céu e ele. Ele também estava lá. E o sono também. Mas já não queria dormir. Levantou-se, apoiou-se no banco e subiu na amendoeira. Mais uma vez tudo estava diferente. Não conseguia entender... Já não se lembrava mais do porquê da amendoeira. Não sabia porque havia construído aquele banco. O sol... cada vez mais à direita. Preferia as amêndoas rosas, mas aquelas eram amarelas. Preferia os bancos de ferro, mas só sabia trabalhar com madeira. Um banco de praça no quintal de casa. Abaixo de uma amendoeira. Foi a idéia que tivera um dia. Mas já não sabia mais porque. Olhou as nuvens... Nuvem-elefante, nuvem-borboleta, nuvem-casa, nuvem-amendoeira, nuvem-nuvem, nuvem-almofada... Se recostou num galho e dormiu. Sonhou. Sonhou mais uma vez com amêndoas, com bancos e sóis. E com nuvens também. Brincava com as nuvens. Queria acordar, parecia ter entendido... Acordou... Levantou-se e pulou.

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